Título
Infância e Poder: uma abordagem foucaultiana
Maria Isabel Edelweiss Bujes - Universidade Luterana do Brasil / ULBRA
Ementa
O minicurso propõe-se
a discutir algumas das formas como a infância e os processos relacionados
com a sua educação institucionalizada são representados
nas investigações educacionais. Tomando como referência
a discussão sobre o sujeito moderno empreendida no campo das análises
pós-estruturalistas, quer-se mostrar a produtividade do exame das
relações entre infância e poder, para ampliar ou,
quem sabe, indicar novas perspectivas de análise destes temas.
O minicurso inicia situando o fenômeno da infância no amplo
quadro do projeto civilizatório da Modernidade ocidental, mostrando
como as práticas de institucionalização dos sujeitos
infantis estão relacionadas ao que Michel Foucault denominou de
biopolítica, Analisa-se, assim, como o surgimento das instituições
educativas para as crianças pequenas esteve associado a um amplo
processo de governamento das populações no afã de
fazê-las viver. Discute-se também como a captura institucional
instaura um processo de pedagogização das crianças
apoiado na constituição de todo um aparato de saberes cuja
finalidade é sustentar as prescrições pedagógicas.
A partir dos eixos acima, que podem ser caracterizados como comprometidos
com a moralização, a institucionalização e
a pedagogização da infância moderna, articulando relações
de poder/saber, serão apresentadas as tecnologias de que o poder
se vale para instituir formas particulares de constituição
do sujeito infantil. Será dado um destaque especial às formas
de operar dos dispositivos disciplinares que tomam como seus objetos os
corpos infantis. O que se pretende por em relevo é como se dá,
então, este disciplinamento. Como os mecanismos disciplinares fazem
"um controle minucioso do corpo, de suas partes, das atividades,
do tempo e das forças" (Fonseca, 1995:48). Um controle que
não trata de impor, forçar, submeter mas, antes, de incitar,
conquistar, acumpliciar. Foucault nos alerta para o fato de que é
preciso localizar exemplos, mostrar suas minúcias, destacar-lhes
a astúcia, a intimidade, a meticulosidade, dar atenção
aos seus detalhes, ao seu poder de difusão, aos arranjos sutis
que eles engendram, traçar-lhes a solidariedade mútua: é
esta prescrição metodológica que orienta a análise
que este minicurso apresenta. Finaliza-se a apresentação
do minicurso, destacando o que constitui, no referencial foucaultiano,
empreender uma analítica do poder.
Bibliografia básica
BUJES, Maria Isabel E. Infância e Maquinarias. Rio de Janeiro: DP&A,
2003.
FONSECA, Márcio Alves. Michel Foucault e a constituição
do sujeito. São Paulo: EDUC, 1995.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 1995.
NARODOWSKI, Mariano. Infáncia y Poder. Buenos Aires: Aique, 1994.
VARELA, Júlia; ALVAREZ-URÍA, Fernando. A maquinaria escolar.
P. Alegre, Teoria e Educação, n.6, 1992.
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